Para quem ainda não está familiarizado com as músicas dos The Gift, não é certamente português, não tem rádio, ou viveu na floresta nos últimos dez anos. A banda de Alcobaça é actualmente uma das bandas portuguesas mais reconhecidas dentro e fora do país, quem não acredita, basta espreitar a página oficial.
Os The Gift chegaram a Viseu vindos de um concerto em Penafiel no dia anterior. No dia seguinte iriam para Vigo (Espanha), mas por aquela altura era o soundcheck que se revelava complicado. Depois de quase duas horas alguns problemas ainda persistiam e a janela para participar no Musiquim encolhia a passos largos. O plano esboçado uma semana antes revelava-se agora praticamente impossível de concretizar: passava já das oito na noite, o concerto seria às dez e sem jantar e soundcheck terminado era exigia-se uma alternativa urgentemente.
Pensámos.
Que sítio, ali junto da Feira de S. Mateus, poderia receber os The Gift? Onde há luz e aconchego numa noite ventosa? Na Penélope, claro. A caravana que é casa do Teatro Mais Pequeno do Mundo estava ali no recinto da Feira, apenas a dois minutos do palco principal. A disponibilidade incrível de Graeme Pulleyn fez com que durante o jantar nos fizesse chegar a chave para a caravana e lá preparamos o espaço para receber a banda. Só havia um problema, faltavam menos de 20 minutos para o concerto começar e ainda se trocavam as roupas no backstage do palco principal.
Finalmente apareceu um Nuno decidido e, seguido pelo resto da banda, dois seguranças e um punhado de fãs, fomos todos em direcção à caravana, pelo meio ainda se arranjaram 10 segundos para comprar um bombo de brincar numa banca de pipocas que acabou por ser usado no tema.
O resto da história conta-se por imagens, a boa disposição de todos os membros da banda é contagiante e a disponibilidade em participar neste projecto quando o tempo é tão apertado revela uma amabilidade incomum. Para terminar, nada mais adequado que a dedicatória dos The Gift no nosso caderno: "Há momentos que valem pela espontaneidade. Há momentos que nos sabem a vida. Há momentos que faz sentido sermos a música que tocamos".